O Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) é um auxílio fundamental para garantir a dignidade de pessoas com deficiência e idosos de baixa renda. E quando falamos sobre dependência química, uma dúvida comum surge: o dependente químico tem direito a esse benefício?
A resposta é sim, pode ter. A dependência química pode ser considerada uma doença crônica e progressiva, enquadrando-se como deficiência para fins do BPC/LOAS, desde que preencha os requisitos exigidos por lei.
Quando o dependente químico tem direito ao BPC?
Para o dependente químico conseguir o benefício, é preciso cumprir dois critérios principais:
Impedimento de longo prazo: É necessário comprovar que a dependência química causa impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) que dificultam a participação plena na sociedade, em igualdade de condições com as outras pessoas. Isso significa que a condição deve gerar limitações significativas na vida social, familiar e, principalmente, no trabalho.
Baixa renda: A renda familiar mensal por pessoa deve ser igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo vigente. Para calcular, você deve somar a renda de todos que moram na mesma casa e dividir pelo número de pessoas.
É importante ressaltar que a Justiça tem um entendimento mais flexível sobre a renda.
Se a família comprovar que os gastos com saúde, medicamentos e alimentação são altos, mesmo que a renda per capita seja um pouco maior que o limite, ainda é possível conseguir o benefício.
Documentos e passos para solicitar o BPC
Para dar entrada no pedido, é essencial ter os seguintes documentos e informações organizados:
Inscrição no Cadastro Único (CadÚnico): Este é o primeiro e mais importante passo. O dependente e sua família devem estar inscritos no CadÚnico e manter os dados sempre atualizados. O cadastro é feito no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximo da sua casa.
Documentos pessoais: RG, CPF, comprovante de residência e certidão de nascimento ou casamento de todos os membros da família que moram na mesma casa.
Laudos e relatórios médicos: É fundamental ter um laudo médico detalhado que comprove a dependência química. O documento deve descrever o diagnóstico (usando o código da Classificação Internacional de Doenças – CID), o estágio da doença, as limitações que ela causa (como a impossibilidade de trabalhar ou realizar atividades básicas) e a duração estimada do impedimento.
Como funciona a avaliação do INSS?
O processo de análise do BPC no INSS envolve duas etapas de perícia:
Perícia Médica: O médico perito do INSS irá avaliar o quadro clínico com base nos laudos e exames apresentados, verificando se a dependência gera realmente um impedimento de longo prazo.
Avaliação Social: O assistente social do INSS irá analisar as condições de vida da família, a renda e a forma como a dependência afeta o dia a dia do dependente, comprovando a situação de vulnerabilidade.
Se o benefício for negado, não desanime.
É possível entrar com um recurso administrativo no próprio INSS.
Se o recurso também for indeferido, a melhor opção é buscar um advogado especialista em direito previdenciário para entrar com uma ação judicial. Muitas vezes, a Justiça tem um olhar mais humano e favorável a esses casos.
Conclusão
A dependência química é uma luta diária, e o BPC pode ser um apoio vital para as famílias que enfrentam essa situação.
Para ter sucesso na solicitação, a chave é a documentação completa e detalhada, especialmente os laudos médicos que comprovem o impacto da doença na vida da pessoa.
Contar com a orientação de um advogado previdenciário pode fazer toda a diferença para garantir que o processo seja feito corretamente e, se necessário, para entrar com a ação judicial.